segunda-feira, 30 de março de 2009

Província/grande metrópole/fuga para fora do país/província/grande metrópole. Mais ao menos isto. Infância/maior idade/flashback/regresso ao presente. Mais coisa menos coisa. Sem contar com as inúmeras vidas que os protagonistas vão ter. A liberdade no cinema é uma coisa bonita. “Alice et Martin” de André Téchiné é um filme livre. Além de livre é daquelas coisas comparáveis a uma valente surra de que só senti parecido com certos filmes de Maurice Pialat (falo de cinema francês das últimas décadas). A fogosidade e a crueza da realidade, o que não impede instantes transcendentais. É assim: cinema físico, sangue a correr nas veias, variações respiratórias, violência da carne e do mundo, fracturas expostas, rugosidades. Tem a ver com a câmara mas também muito com a exposição dos actores. Binoche, particularmente, é animal. Além disso além disso: filme perdido, muitas vezes à deriva, daquelas coisas que qualquer escola de cinema ou algum produtor sério rejeitariam sem pestanejar. Já dizia o outro: o que falta ao cinema é perdição! O que não vale a pena confundir com dispersão. Aqui é concentração.

3 comentários:

Carlos Pereira disse...

de uma liberdade tangível, inspiradora. belo filme.

DoxDoxDox disse...

Fantástico!!
De uma liberdade sincera, de fidelidade às mais imediatas pulsões - talvez a "animalidade" que enuncias- que há à flor da pele em ser-se humano. A corporalidade, a vivência espacial e a dignidade do sentir estão neste filme.

Uma sugestão do caro Carlos, que já se exprimiu, como o meu reencontro indubitável com os moldes da minha preferência. Verdade empírica, como sempre.
Verdadeiramente inspirador.

Filipe Machado disse...

Participa na sondagem "Melhor James Bond com Pierce Brosnan” até ao dia 20 de Abril 2009, em http://additionalcamera.blogspot.com. Só faltam 16 dias!!