sábado, 3 de janeiro de 2009

curtas

i) Ainda sobre “The Apartment”, depois de o filme realmente ter batido. Uma das coisas mais luminosas é a maneira como Wilder trabalha sobre o grande e o pequeno. O absolutismo assustador daquela empresa onde trabalha o personagem principal e o seu oposto, um apartamentozinho sem nada de especial e sem particular graça. Os milhares de pessoas que enchem aquele símbolo capitalista, contra a meia dúzia de sujeitos que habitam o espaço que dá titulo ao filme. A frieza e os maquinismos do oficio versus o acolhimento do lar, onde todos se conhecem. E essas passagens/mudanças de lugar produzem os seus próprios efeitos, graficamente e emocionalmente. E o mais espantoso é alguém se ter lembrado de fazer depender aqueles engravatados poderosos, e aparentemente detentores de tudo o que queiram, do tal apartamento indistinto, pequeno, feito à medida de um daqueles robôs modernos, que é o que Lemmon é quando o filme começa. Quase chega a ser irrisório o papel central de tal espaço. De resto, o homem mais alto da pirâmide a carecer de um dos mais hierarquicamente baixos. Patrão e funcionária de elevador. Etc, etc.
Vários sentidos nesta subordinação principal, quase todos cáusticos, para mim fica aquela ideia de que para dar umas qualquer lugar serve. Não é para casar, porra.

ii) Uma frase que poderia resumir “Austrália”: pastelão digital burguês.

iii) Gostei de “Burn After Reading”.

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