à quarta é de vez: “Ed Wood” é a obra-prima de Tim Burton e um dos meus filmes favoritos. Deep como Ed é a coisa mais tocante que me lembra de ver em filme é coisa de uma vida. tal ideia já me tinha passado pela cabeça mas desta vez tudo finalmente se iluminou. something like…o mais arrojado dos filmes formalmente conceptualmente de uma sofisticação classe impressionante – aqueles ângulos são são…são – mas também envolto numa aura de estranho amadorismo não o convencionado mas aquele que vêm do coração e explode o industrialmente correcto que só assim permite estar à altura do mais genial dos cineastas: Edward D. Wood Jr. que como Orson Welles escrevia / realizava / actuava tudo já pelos 26 anos.
provocação? não / por hoje não / com coisas destas não. como dizia Piper Laurie para Paul Newman no “The Hustler” do Robert Rossen “you're not a loser, eddie, you're a winner. Some men never get to feel that way about anything.” ou seja: substitua-se Eddie por Ed e está feito. bastou certa gente ter proclamado que se tratou do pior cineasta do mundo para logo alguém poder dizer que se tratou do melhor/não é não saber escrever/é querer escrever. ou o mais cândido o mais livre o menos pretensioso o que dá no mesmo e o torna incomparável. “they don't want the classic horror films anymore. today it's all giant bugs. giant spiders, giant grasshoppers... who will believe such nonsense?” diz Lugosi a Ed. Ed babado/Ed impressionado/Ed como uma criança.
pois pelo que vi porque Tim me mostrou porque os filmes de Ed existem poucos amaram qualquer coisa como Ed amou o cinema. não um fasciniozinho não oportunismo nada de querer ser vedeta isso não. uma paixão louca incomensurável que o fazia mover planetas e cometas para filmar para filmar / assim mesmo. mesmo com humilhações concessões rebaixamentos…Ed diz ok e faz cara inclassificável e comovente/em vez de mandar à merda quem se mete no trabalho do artista. o que lhe importava era ligar a câmara e depois dizer: “cut! that was perfect!” mesmo que logo alguém lhe dissesse que o plateau tremeu todo/que aquilo era abaixo de cão ele logo atirava do fundo de si: “no, it's fine. it's real.” alguém que para respirar precisava de filmar de estar lá. escrever em três dias rodar em quatro montar de gás estrear logo de seguida. o cinema sempre foi dos loucos sempre foi espectáculo de monstros e de sonhos / viagem demencial / mergulho no abismo nada mais.
pode-se pensar: mas assim qualquer um fazia um filme eu respondo: nunca vi ninguém assim e é tudo. “worst film you ever saw.” mesmo depois disso ele alarga o sorriso e diz “well, my next onewill be better.” Hawksianamente.
o que seria se Edward D. Wood Jr. vivesse nos dias de hoje? câmaras digitais de quatro tostões para filmar premieres e final cuts devidamente pirateados e prontinhos a editar o e-mule e as salas com fitas antigas de monstros antigos e anacrónicos de sci-fi chunga e todos os derivados outros tantos programas para fazer os mais estrambólicos efeitos especiais todo o tempo para filmar e um mundo a explorar esta falta de pudor etc…se Ed foi o mais livre cineasta do mundo(“print it”) o que seria hoje?
out. “visions are worth fighting for. why spend your life making someone else's dreams? “ xuta Orson o ídolo e já ninguém para Ed o fã.
2 comentários:
"o que seria se Edward D. Wood Jr. vivesse nos dias de hoje?"
Olha, sério mesmo, talvez até ganhasse Oscar nos dias de hoje. É só ver os Danny Boyles da vida...
não, os oscares estão para os inteligentes...
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