terça-feira, 28 de julho de 2009



1922. O Buster Keaton de “The Electric House” contém em estado puro e no seu exemplo mais acabado o que sempre achei fundamental na sua obra. Claro que a força dos vários gags (narrativos, visuais…) será sempre vital e em certos momentos comovente, claro que o trabalho corporal é para além do adjectivável, mas…e para mim peso bem as palavras, Keaton surge-me como o nome mais importante dessa grande arte da montagem que nessas décadas despontava. Existe a precisão assustadora do percurso dos comboios e do percurso de um corpo no “The General”, existe um monte de pedras e um monte de noivas a persegui-lo furiosamente em “Seven Chances”, enfim, existem outros incontáveis momentos…mas, acho que para se fazer cinema, para se ver cinema, para se falar de montagem e para tentar contar o que ela é, etc., é preciso ver “The Electric House”. Um trabalho obcecado e apaixonado pelo tempo da acção e por cada acção em si, isto é, o entendimento perfeito do plano e do que dentro dele está e acontece, uma compreensão exacta sobre a importância da ligação e da relação entre duas imagens, noção extrema das correspondências secretas e preciosas existentes nas partes do todo fílmico. Muita coisa haveria a escrever, e muito também sobre o surpreendente vislumbre de coisas que depois se iriam chamar de modernas e ultra modernas – jump cuts, falsos raccords, coisas assim…
Mas acho que o que importa dizer é que é algo assombrosamente carpinteirado, artesanalmente carpinteirado, e que diverte comó caraças…

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