sexta-feira, 10 de julho de 2009
Vila do Conde, final post
Foram os três últimos filmes da competição nacional e há que admitir que a coisa melhorou, também, impossível seria piorar.
O filme para mim mais esperado era “Tony”, de Bruno Lourenço, mais uma produção “O Som e a Fúria”, mas confesso que fiquei um pouco desiludido. Conto nostálgico, cómico e à sua maneira romântico sobre homens e mulheres fascinados pelas estrelas musicais do passado, o filme surge-me um pouco desvitalizado, entorpecido, tanto na maneira de pôr em cena – apesar de conter dois planos belíssimos, o do espelho e o final sobre Lisboa – como, principalmente, na escrita. Confuso, mumificado, por vezes perfeitamente desinspirado. Dito isto, Bruno Lourenço utiliza muito delicadamente a música e inventa um Carlos Paião que é, a par com os referidos planos, o melhor do filme.
Quem me surpreendeu bastante foi Cláudia Varejão e o seu “Um Dia Frio”. Peça fria, silenciosa, austera e bastante metódica, mas sempre sensível, sobre um dia numa família comum na Lisboa de hoje, têm o dom de lançar um olhar contido e justo, desprezando qualquer tipo de manipulação ou de elevação perante aquelas vidas, refutando psicologismos ou formatações narrativas que tudo pretendem explicar, sendo neste sentido também radicalmente abstracta na maneira como trabalha o espaço e o tempo. Das melhores coisinhas que por lá vi.
Houve ainda “O Destino do Sr. Sousa”, de João Constâncio, que se foi o parente pobre do trio, cheio de lugares comuns tratados como lugares comuns, pelo menos sabe da existência da noção de enquadramento e trabalha razoavelmente a elipse. Têm ainda o infalível Luís Miguel Cintra.
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