“B-grade western with a twist:
mysterious gunslinger-for-hire Drake Robey is really a vampire, and
it's up to Preacher Dan to save the town and girlfriend Dolores
Carter.”; “The cinema's first vampire Western!”. À primeira
vista este tesouro sombreado a mármore e a luar faz lembrar o cinema
de John Carpenter e alguns derivados Tarantinescos que conhecemos
muito depois de “Curse of the Undead" ter sido forjado;
remetendo atmosfericamente para os seus contemporâneos Jacques
Tourneur ou Terence Fisher. Mas progressivamente, em encantada
filigrana tormentosa e sexuada, questões e choques de diversa
gravidade tomam conta do espaço num tempo não mensurável. O plano
sequência e a fusão dissolvente trabalham cirurgicamente, e da
mesma forma que mesclam o escuro e o claro, as árvores tocadas pelos
ares da noite e as luas apossando-se de rostos, a terra gélida e a
pele clamante, também metem em relação a figura do Padre e a do
Cowboy desconhecido e longínquo, transcendendo o todo à velha
dependência entre o bem e o mal, a fé e a impossibilidade de
domínio, entregas no absoluto versus ausência de apelo. E se o
género americano por excelência teve um fim e uma hecatombe outra
que não a do progresso, ele está neste desenrolar imemorial ao para
trás, destruído no duelo que acontece entre entre a lei das armas e
a falta de lei mística, depois de morta e enterrada a ciência. Carl
Theodor Dreyer poderá ser uma chave, até mais o de “Gertrud” do
que o de “Vampyr”; há em halo e carnalmente, na massa movente do
plano que resiste, um impulso de desejo que nessa hipnose selvagem –
e a questão dos vampiros e do sangue perde os códigos para acentuar
ainda mais o risco e a pulsão – o eleva para lá da paixão, pelos
terrenos inomináveis da posse desamarrada. Com meia dúzia de
tostões e um poder de sugestão realmente sem barreiras técnicas e
simbólicas, Edward Dein e uma equipa tão famosa como ele chegam a
terrenos tão gastos como virgens e perigosos que se saibam. Para lá
ou para cá da nossa luz.
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