domingo, 21 de dezembro de 2008


1. Van Gogh (Maurice Pialat)
2. Miller's Crossing (Ethan & Joel Coen)
3. Barton Fink (Ethan & Joel Coen)
4. The Godfather: Part III (Francis Ford Coppola)
5. Close Up (Abbas Kiarostami)
6. J'entends plus la guitare (Philippe Garrel)
7. Edward Scissorhands (Tim Burton)
8. Hachi-gatsu no kyôshikyoku (Akira Kurosawa)
9. Les Amants du Pont-Neuf (Leos Carax)
10. Paris s'éveille (Olivier Assayas)

Cahiers Du Cinema, 1991
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Evidentemente que esta lista está excelente. O filme do Pialat é daquelas coisas para as quais todas as palavras permanecerão sempre em perda. O terceiro Padrinho do Coppola é o melhor de todos. “Close-Up”, a redefinição de quase tudo. O do Carax, uma hecatombe lírica/existencial, de resto, o mesmo para o filme do Garrel. Etc. Mas, de 1991, esse grande ano, falta o meu personal favorite e uma obra-prima absoluta, “Terminator 2: Judgment Day”, de James Cameron. Se a lista fosse minha, esquecia um dos exercícios estilísticos dos Coen e metia lá o Cameron. É daqueles objectos explosivos e seminais, produzidos no centro da grande máquina de Hollywood, mas que estão (ia dizer cabotinamente, mas acho que não) contra a geração mtv, essa juventude que cientificamente, e depois de uma valente guinada na evolução ontológica do homem, deixou de ser capaz de aguentar filmes – e não só filmes – com planos de mais de 10 segundos. Um professor que eu tive jurou-me que a culpa não é dos jovens, nem sequer é estupidez, o cérebro destes novos cinéfilos, e masturbadores das imagens, é que rejeita imediatamente a duração. Oliveira, aí que seca, "Zodiac", muitas palavras, muito longo, parece um filme antigo. Quando é que adaptam o GTA ao cinema? Professor, em vez de filmes inteiros, podemos só ver trechos?

Cameron não só é visceral, obsessivo, dono de um prodigioso sentido espácio-temporal, como também sabe fazer durar as imagens e as emoções. E sabe construi-las como ninguém, isto, sempre ao lado, mesmo que no mesmo campo, dessas novas imagens e conceitos, daí o sucesso do empreendimento. Compare-se qualquer uma das cenas de perseguição entre as duas máquinas e constate-se que Cristopher Nolan, e o seu cavaleiro de negro, são apenas publicidade filmada em película, somente com mais um bocadinho de tempo de produção, com mais um bocadinho de dinheiro, e com uma pompa filosófica (ahh, o bem e o mal) capaz de tornar enfardável os filmes de Lucas. Aquela sensação apocalíptica do filme de Cameron torna o filme de Nolan qualquer coisa próxima dos teletubbies. Merda, já me perdi...

A minha formação foi em grande parte feita com este filme, e é com satisfação que o digo. Não me impediu de descobrir tudo o resto. Sou dos que primeiro se passaram com os filmes de James, com os de Bruce Lee, os com Van Damme, os de Stallone, “Road House”, “Miles from Home”, Steven Seagal, etc. Só mais tarde, muito mais tarde, é que vi carradas de Ozu (“Banshun” foi o despertador), de Mizoguchi, “Ukigumo”, Bresson, Stroheim, alguns Straub, o Dreyer, Souleymane Cissé, “La Belle et la bête”, Fregonese, etc. Só em 2002 me descobri, sozinho numa sala, defronte de Oliveira e do seu “Um Filme Falado”…

Acho que tanta coisa e o meu único objectivo era prestar homenagem a este filmão, de um grande autor americano. O resto da obra de Cameron não comento, mas, novo toque a essa cambada protegida com capa, espada e pose catedrática, deixo Jacques Rivette (o grande auteur e o grande critico) comentar a propósito de. Não concordo com ele, já agora.

2 comentários:

Unknown disse...

Sem dúvida, O Terminator de Cameron é um dos melhores filmes de acção de sempre.

Filipe Furtado disse...

Na verdade os dois filmes do Coen e do Burton sobram muito nesta lista (não que eu desgoste deles).