sábado, 6 de dezembro de 2008

Muito boas as análises do João Mário Grilo a 6 imagens de toda a filmografia de Oliveira, na revista “Visão”. Arrebatado e lúcido como só J.M.G sabe ser. Não resisto a transcrever. (para já não tenho todas as imagens pois não tenho scanner.)


Douro, Faina Fluvial
1931

Estas são imagens intensamente modernas, saídas de dois momentos do primeiro filme moderno português – Douro, Faina Fluvial, que Oliveira conclui em 1931. São imagens marcadas por uma extrema diagonialização, facto surpreendente num cineasta que conhecemos sobretudo por obras «horizontais» e por planos que, através do homem ou das suas realizações, estabelecem a ligação entre a terra e o céu (até porque Oliveira não é um cineasta «paisagístico»). Em Douro, o pitoresco das vistas da Ribeira é desarticulado pela violência das imagens e da sua montagem, num filme que procura, assim, um retrato – como só o cinema poderia fazer – do dinamismo sanguíneo que faz mover a realidade. É esta, também, a primeira vez que as imagens pensam «por si» no cinema português.

J.M.G

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