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…et c'est tout le spectacle hollywoodien qui plonge. Exactamente isso, uma suposta inserção num modelo e num meio, com love story e tudo + o fundo totalitário que lhe serve de origem, logo uma ironia e um sarcasmo demolidor, faz desta subversão o filme mais especial do top 10 (97/07) que a Cronicart.com apurou. Simplesmente: além de toda a densidade e riqueza narrativa, bem como todo o não dito e assustadoramente sugerido, é um daqueles tour-de-forces que aos 30 segundos já me relembra o grande cineasta lúdico (que medo desta palavra…) que Paul Verhoeven também é. Excessivo? Assustadoramente livre, inteligente. Brutal.
Próxima revisão: “Basic Instinct”, mais um dos filmes de infância. Grande filme pedagógico.
2 comentários:
Em matéria de cinema, vivemos imersos em preconceitos (em outras matérias, também, mas não vem ao caso). Agora mesmo, o estigma do melodrama foi lançado sobre "Valentin", o belíssimo filme de Alejandro Agresti em cartaz em São Paulo.
Bem, é verdade que se engole um melodrama, desde que venha de Almodóvar. Mas aí é Almodóvar, não é melodrama -se é que dá para seguir o raciocínio. O critério de autoridade parece muitas vezes determinar nosso prazer.
Um caso semelhante é o de "Tropas Estelares". Alguém espalhou o boato de que o filme seria nazista, e a coisa emplacou. Talvez porque o diretor se chame Paul Verhoeven -nome suspeito. Talvez porque use imagens à la Leni Riefenstahl, logo no início.
Não lhe ocorreu que essas imagens buscam um efeito humorístico? No entanto, é evidente. De modo que não se sabe mais onde termina a ignorância e onde começa a má-fé. O fato é que "Tropas" é um belo faroeste espacial, protagonizado pelo herói Johnny Rico. O filme não é espanhol nem mexicano. O fato é que Rico mora em Buenos Aires. Mas não existe diferença entre Buenos Aires e, digamos, Oklahoma. Sutil maneira de dizer, em 1997, auge da globalização, que o mundo e a América (os EUA) são a mesma coisa.
Rico lidera os terráqueos no combate às hordas de insetos que buscam atacar nossos Fortes Apaches espaciais. Porque nessa luta de vida e morte entre homens e insetos, convém lembrar, os insetos somos nós.
Nós, latino-americanos, africanos, talvez asiáticos -todos os que estragam a festa da globalização com sua miséria e eventuais insurreições.
Em definitivo, "Tropas Estelares" é um filme político. Mas um filme de esquerda. Talvez represente o pouco de espírito de recusa que restou no mundo nos últimos anos.
Inácio Araujo
porra, dá que pensar.
obrigado.
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