quinta-feira, 24 de julho de 2008

BREILLAT

Une vieille maîtresse, Catherine Breillat. Um filme luxuriante e descarnado num só tempo. Começa na Paris de 1938, onde vamos encontrar um jovem libertino e duas mulheres, e leva-nos até vários lugares.
Uma é a sua amante de há 10 anos – depravada e sexuada – a outra a jovem virginal e inocente com que decide casar-se para limpar a sua imagem. Estamos envoltos no mundo aristocrático, o que é decisivo e tratado sem pompa alguma.
Isto é, um filme luxuriante nas suas formas extremamente cuidadas, por vezes sumptuosas, mas nunca com aquele peso de filme de época. É um olhar para um mundo e para pulsões, nunca produto de artesão académico.
E depois é extremamente descarnado, quase rude, cru. E isto não tem só a ver com as cenas de sexo – embora sejam impressionantes e corajosas – sim com um programa que apaga o chão percorrido e que trata a trama como algo que obviamente sempre existiu, animalesco neste sentido, e puxa o filme para um tempo que pode ser qualquer um, evitando assim o habitual voyeurismo de época.
É extremamente contemporâneo, e se o trabalho na fotografia é fundamental, a maneira como a montagem trabalha, sobre a elipse e o mistério, deixando assim espaço para suposições, bem como a forma de captar a sensualidade – os ângulos de Breillat, na demonstração do desejo voraz, é um microscópio revelador – são de um prodigiosa subtileza. Notável esta combinação entre a percepção e o acto.

O que se conjuga perfeitamente com a presença de Asia Argento – um portento de sexualidade sempre pronta a explodir, mulher com marca destruidora e fatal.

Estreie que não estreie, está visto.

3 comentários:

pseudo-autor disse...

Li muitos comentários excelentes sobre a atuação da Asia Argento, mas pelo andar da carruagem - e, claro, a má vontade das salas de cinema cariocas - terei mesmo de esperar sua saída em DVD. Uma pena! Mas está na minha lista...

Discutir Mídia e Cultura?
http://robertoqueiroz.wordpress.com

Filipe Furtado disse...

Otimo ler alguém defendendo o filme. Por aqui recebeu muitos comentários negativos.

Roberto, o distribuidor do filme é o Estação, então deve estrear por ai cedo ou tarde.

Anónimo disse...

na verdade, o filme já estreou aqui no Rio. Imagino que ele esteja se referindo a estar passando em circuito limitado.

eu também gostei bastante deste filme.

João Gabriel