Não é o suposto “fascismo” de “Tropa de Elite” que incomoda, nem essa é uma acusação inédita: incidiu, por exemplo sobre “Táxi Driver” ou sobre o Clint Eastwood de “Dirty” Harry, se bem se lembram, filmes com personagens em que ardia a obsessão de limpar a cidade que no seu tempo foram vistos como incitações à violência. Ou por outra: não há mal que isso incomode, porque caberia a “Tropa de Elite” ser o espelho de uma turbulência do seu tempo, de impulsos contraditórios onde o desejo de justiça se transforma num – fascizante – impulso purificador, o das tropas especiais que lutam contra o tráfico de droga nas favelas do rio. Deveria, então, ser complexo, contraditório. Mas é isto que incomoda, e fragiliza o filme, tornando-o irresponsável: a banalidade cinematográfica, a grosseria telenovelesca disfarçada de ferocidade realista. Sem “pathos”, na realidade.
Vasco Câmara
5 comentários:
Uma prova, se provas ainda fossem necessárias, de como a crítica brasileira é superficial, provinciana, tacanha e mera refém de eventos locais.
Ainda bem que este maldito filme saiu do Brasil; melhor ainda que tenha vida inteligente fora deste mesmo Brasil.
Esqueci "histérica".
Na mosca.
Também gostei bastante do texto do Júnior na Cinética.
Sobre a crítica brasileira, acho que outro grande problema consiste em atirar entulhos demais por sobre o Essencial.
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