É uma grande experiência assistir ao filme de formação de Jim Jarmusch. O tal que não foi aceite pelo júri da faculdade pois Jim gastou o dinheiro das propinas no projecto (aja tomates).
Fica evidenciado, mesmo no mais minimal dos filmes que se possa imaginar, que o Americano ainda não tinha recuperado do ano que tinha passado na cinemateca francesa, como ainda hoje não recuperou.
Passa por ali – na história de um jovem que não tem paciência para ler um livro, assistir a um filme de Nick Ray ou ficar a ouvir saxofone na rua, muito menos ligar algum à sua companheira – uma grande fatia de cinema europeu, do mais minimalista, austero e elíptico, sem dúvida Bresson, Straub, Dreyer, etc…ao mesmo tempo que o lírico de Ray, e, já naquela altura e sempre – o interesse pelos actos mais banais, simplesmente, Ozu.
A isto junta-se, e estes momentos rasgam o filme (embora se nos lembrarmos de Cassavetes, ou outros independentes como Robert Frank, estejamos a falar certo), o lado punk de Jim, a música que altera os ritmos da imagem e singulariza esses eventos.
Mas, por outro lado, é incrível como já está ali muito do que Gus Van Sant iria explorar nos seus últimos filmes – a disposição do personagem no plano, a permeabilidade na banda som, um certo desinteresse, etc…
Claro que é facilmente, que me lembre, o melhor filme longo alguma vez saído de uma escola de cinema.
1 comentário:
Lovely reminder of PERMANENT VACATION, obrigado....In fact Straub/Huillet gave Jarmusch left over film stock, "short ends", from KLASSENVERHALTNISSE to make PERMANENT VACATION. They have always supported Jarmusch. (Van Sant, I doubt it!)
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