terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lindo. Estranhamente elíptico. A arte de Hou é a da simplicidade e mise-en-scène desta já está fora de moda e é susceptível de afugentar. Poética da acalmia. Não se usa filmar quase todas as cenas num único plano, num enlevo amoroso em que a câmara se seduz pela realidade e ao mesmo tempo por uma fantasia espectral (o pequeno filme seminal de Lamorisse e tudo o resto que está na obra posterior do cineasta).
E quando existem mais planos eles apenas servem para mostrar, ainda mais, o desalinhamento em relação às convenções. Arte do enquadramento, logo da importância e da preciosidade do fora de campo; do tempo e dos corpos. Pois se alguma coisa interessa em relação às outras são os corpos no espaço, o seu movimento e as suas expressões. Depois é um filme integralmente passado em Paris mas que não quer vender nada a ninguém.

6 comentários:

Luís A. disse...

enquanto manifesto estético, é um filme muito forte. mas que dá muito sono lá isso dá:)
um dos favoritos do bazin não era?

José Oliveira disse...

a curta metragem, sim.

Daniel Pereira disse...

Mas o Truffaut nao gostava, acho. Este é o melhor filme estreado em Portugal em 2008.

José Oliveira disse...

é verdade, o Truffaut não curtia lá muito.

Evandro Duarte disse...

onde viu?

José Oliveira disse...

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