Quanto a JFK nunca tive dúvida alguma – um dos grandes filmes dos anos 90, um dos grandes filmes sobre a América, e, principalmente, sobre uma ideia e uma mitologia americana, puramente americana. Além de todo esse lado humano, politico, etc…era redefini dor de toda uma ideia de mise en scene e de montagem (violenta, furiosa, sofisticada, sem dúvida) que não mais fazia do que reencontrar-se com o fundo filmico, ou seja, defender uma perspectiva, um ponto de vista, até ao infinito. E era fabuloso, e era tocante, no final, o falso apaziguamento tinha a força da acalmia que vêm depois das tempestades. Assustou muita gente, mas as coisas são como são.
Worl Trade Center, o filme sobre um brutal acontecimento recente, tinha ainda mais tendência a assustar. Por minha parte continuava a admirar, principalmente o facto de Stone ter apagado muitas das suas marcas e sinais do seu cinema recente – Any Given Sundey é o caso exemplar – e ter construído um filme no escuro, sobre o escuro. A maneira quase Bressoniana como tratou o espaço e o tempo (uma surdina transcendente, tudo a durar o que precisava de durar) reflectida naqueles magníficos fades que funcionavam como apagador de todo o espectáculo televisivo, de todas as imagens e sons, que parecia tornar impossível sacar uma nova imagem. Foi neste trabalho contrário que Stone erigiu, que o impossível se tornou possível.
Mas confesso: duvidava ainda de um lado que me parecia um pouco literal, o melodramático das cenas familiares, um flanco que me precisa pretensiosamente espiritual, a puxar á lágrima, etc…
Enfim, foi este texto que me limpou as dúvidas e desconfianças. O filme não é directo e literalizado, é um reflexo de um império e das suas tomadas de posição, Stone filma sempre o que está ao lado, nos vazios e nos espaços ocos, e é magnífico, vibrante. Todas as explicações estão nas palavras de João Mário Grilo.
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