terça-feira, 27 de maio de 2008

Miguel: continua a mesma merda ou pior...


Fizeste o Conservatório com gosto e entusiasmo?

Miguel Gomes: Não, não, fiz a escola com uma enorme frustração. Como é que se ensina alguém a fazer filmes? O que eu queria mesmo era fazer filmes. Não sei como é que as coisas estão agora, mas naquele tempo havia uma indeterminação entre o que deve ser um curso técnico - nas quatro áreas de formação: som, imagem, montagem e produção - e outra coisa, que tinha mais a ver com a realização. Essa outra coisa era a que me interessava. Tive o Paulo Rocha e o Seixas Santos (excelente a dar a cadeira de História do Cinema do primeiro ano) entre os professores e a ideia que guardo é que, ou por cansaço ou por descrença no futuro do cinema em Portugal, eles não acalentavam grandes perspectivas ou esperanças para os novos que ali estavam e que, justamente, se estavam ali era porque queriam fazer filmes neste país. Nessa medida, o curso foi frustrante para mim e para os meus colegas.

1 comentário:

José Miguel Oliveira disse...

Essa indeterminação de que o Miguel Gomes fala também a senti, porque quando lá estive, ainda não havia área de realização.
Seixas-Santos era fantástico, Paulo Rocha assim-assim.
Boa sorte para si, José, e não fique descrente à primeira dificuldade.
Ah, e se o Jaime Silva lhe chatear muito a cabeça, não ligue. Ele é mesmo assim.
Faça-me é um favor, se puder. Como você, também gosto muito de Stallone. E, na altura, gostar dos filmes do homem, numa escola de "cultura", era ser olhado como se fosse um leproso.
Mande-os à merda!
Abraço.