Classe tous risques, Claude Sautet, 1960. Sereno monumento sublime, a data é decisiva. Um ano depois do cúmulo do cinematógrafo segundo Robert Bresson, no mesmo ano de À bout de souffle – o que equivale a pensar em toda a nouvelle vague – sete anos antes de Le Samouraï de Jean-Pierre Melville, finais do período dourado do classicíssimo de Hollywood, dos grandes noirs, etc…
É uma baliza importante, pois dentro do filme está tudo isto e muito do que viria. É o minimalismo apaixonante e distanciado de Bresson, a doçura de Belmondo ou a implacabilidade de Lino Ventura (qual Bogart), é a depuração máxima e ao mesmo tempo virgem de todas as peças atmosféricas dos noirs – para o lado da sofisticação Hawksiana e da singeleza de Lewis.
É grave, é implacável, é nostálgico e seco. É tudo o que Truffaut falhou em Vivement dimanche! – um cinzelado sobre o blanc et noir que destrói qualquer ideia de género.
Depois, aquela dialéctica entre os dois personagens principais, bem como os percursos contrários e aproximativos, são de uma crueza terrífica – o trabalho sobre os destinos. Melville iria dizer que Sautet era melhor que ele. Não posso comentar coisas destas.
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