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Teríamos, por certo, um silogismo nupcial suficientemente solar para ser não só portador da sua própria incandescência, como para encandear a substância selénica do filme precedente (A COMÉDIA), esclarecendo-lhe, na sua função de agente revelador, a alquimia do seu sentido obscuro.Ora, dado que a história das coisas não só não foi essa, como não foi moldada em acordo e consonância com o nosso novo desejo, receio bem que, uma vez mais, nos encontremos confrontados com uma aporia tanto mais perversa quanto mais delicada.
Não lembra ao diabo fazer um filme que, ainda por cima com alguma ironia, nos fala repetidamente da impossibilidade do seu propósito, da impossibilidade da sua razão de ser.
Sossegai-vos, no entanto, ó incrédulos. Pode-se viver com isso, pode-se viver assim.
E alguns de nós, (poucos, espero), terão de convir que AS BODAS DE DEUS é um filme delicioso. Noblesse oblige.
João César Monteiro
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