terça-feira, 24 de junho de 2008

trio Cukor


Tenho um trio Cukor, que para mim o confirma como o grande cineasta da mulher (a par com os outros grandes, Mizoguchi, Ophuls, Truffaut, etc…) bem como, não somente o pilar da sofisticada comédia americana, mas da ultra irónica/amarga comédia americana. Sofisticação aparte, aqui é imbatível.
The Philadelphia Story de 1940 dificilmente é A “comédia americana” tal como ficou cristalizada, é sim, aquele gesto iniciático e já transbordante em que o cineasta baixa A mulher do pedestal, deixa-lhe entrever as fissuras e o sangue de que é feita para chegar a uma verdade e auto redescoberta da vida. Entradas e saídas assim só Preminger.
Adam's Rib, 1949, é a obra-prima, o empreendimento em que cinema e teatro entram em comunhão, derivando constantemente um do próximo, numa relação que só pode ser de amor.
O mundo à escala do palco, o palco fixado pela câmara, o homem e a mulher como realmente são, podem ser, existem, podem existir.
Born Yesterday, logo no ano seguinte é o hino à glória da mulher e a quebra de todos os dogmas/pressupostos. A coisa, ou seja o dispositivo, a máquina, é parecido com Rib, mas Cukor parece querer ser ainda mais cósmico, alargar o gesto numa amplitude quase absoluta – é a mulher que fica se reinventa e dominar, o homem que fica preso na sua ratoeira, a história (na História) que se inverte.
Por hoje o meu trio, amanhã conversamos.

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