quinta-feira, 6 de março de 2008

O outro…


«enfant terrible» do cinema francês
É obviamente Leos Carax, possuidor de uma dimensão tão surrealista como realista, e é isso que assusta.
Se nos seus devaneios – sim, não é narrativa no sentido académico – é sempre o mesmo motivo, ou seja: “Boy Meets Girl””, o tema mais antigo do mundo, precisamente o titulo da primeira longa metragem, em que o par vive num qualquer espaço que representa a um tempo a sua loucura, e a outro em lugares reais, «num mundo» reconhecível, como diria Straub
É este choque, esta dialéctica entre o mental e os locais que assusta e que faz o seu cinema perigoso, quase sempre á beira da autodestruição.
E a amaneira como Carax capta as dramaturgias dos locais são prodigiosos – é uma rugosidade, uma sujidade, imagem completamente porosa em que só assim faz sentidos estes personagens viverem as suas histórias.
Les Amants du Pont-Neuf é o cúmulo da sua arte, a maneira como ele filma Binoche, como Godard o fez com Karinna, mesmo com a própria Binoche em 'Je vous salue, Marie', é prodigiosa – a arte de filmar um rosto.
É perigoso, para a maioria será impenetrável, mas é magnífico.

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