quarta-feira, 23 de abril de 2008

ahhh...Zurlini

Cada vez mais incomodado, como foi possível ignorar Valerio Zurlini, ainda hoje tão pouco discutido e mostrado, na evolução do cinema moderno?
Em Cronaca familiare, de 1962, todas as nuances e interposições/sobreposições de lembranças e fugas estão prodigiosamente inseridas num centro que engloba passado, presente e futuro. A saída é irremediável e Zurlini está a um nível perfeitamente igual ao que, por exemplo, Deleuze descreve no segundo tomo (Imagem-tempo) dos seus escritos sobre cinema, acerca da imagem lembrança. Com a vantagem preciosa de dispensar qualquer flashback.
Tudo a uma luz tão envolvente que não mais faz do que trabalhar a falta de linearidade de qualquer memória, a inserção nas sombras, um efeito novelo…

3 comentários:

Anónimo disse...

Dois destinos é o meu filme favorito dele. Nunca o classicismo foi posto a serviço da elegia de forma tão orgânica; a delicadeza do final confirma pra mim que o cinema é dos melhores memoriais aos mortos já inventados.
Vc já viu A moça com a valise? o uso do Jacques Perrin nestes dois filmes confirma tb que Zurlini é dos maiores "encenadores de presenças" do cinema, atmosfera, cenário e luz batem um ping pong único com o corpo do ator, repercutindo, recuando e atraindo em relação a ele.

José Oliveira disse...

isso tudo é completamente verdade. Ainda não vi a Moça...vai ser um dos próximos

Anónimo disse...

A Rapariga da Mala, Estate Violenta e o Deserto dos Tártaros foram os únicos que vi do Zurlini. Amo os 2 primeiros, são potentes.