Acaba por ser um filme agradável muito mais num plano de superficialidade - nos termos em que se entrelaçam o superior cuidado cénico e estético, a elegante mobilidade da câmara e as interpretações excelentes - do que numa eventual visão transformadora de Resnais sobre as vivências humanas que se propõe a retratar. E neste caso, seria aí que se faria a antologia das imagens. Isso não acontece, e as imagens do filme já começam a escapar à memória.
.....
Na treta do costume…como disse? Belas imagens e mobilidade da câmara que não têm correspondência na transformação das personagens. A questão não é eu considerar a obra de Resnais como, desde já, o filme do ano, e as imagens continuarem a ecoar.
Mas como é possível enaltecer, fazer a vénia, às publicidades ultra pestilentas de Scott, aos efeitos que apagam qualquer construção/experiência de dramaturgia – cénica, humana, etc… – e falar em antologia das imagens? O que é isso? Uma personagem de gladiador a dizer as horas logo no seu inicio? Denzel no bigger than life mais patético e auto consciente desde Crowe no tal péplum; ou será a personagem de Forest Gump a correr estádio fora; ou então as emulações gratuitas e piores do que o original de Honoré. Tendinha ao pé disto é génio.
Bresson e as Notas –JÁ!
2 comentários:
"Acaba por ser um filme agradável muito mais num plano de superficialidade"
Engraçado, parece que pro rapaz do Cineclaquete estética é mera superficialidade, mover a câmera é um mero enfeite.
Luan:
perfeitamente; o que é tanto mais disparatado é que num filme de Spielberg ou Scott, o que mais se engrandece são os tratamentos técnico/estilisticos sobre a matéria - isto pois quando eles entram na vertente sociológica/psicológica, roça o puro lixo - num filme de Resnais evoca-se as primeiras obras como caução cultural, e lixam-se por completo para aquilo que o cinema é: arte das imagens, evidencia do que está no ecrã
muito bom.
Enviar um comentário