Seguindo a errância afectiva de Carla, uma mulher surda e desajeitada que trabalha numa empresa de promoção imobiliária (Emmanuelle Devos, sublime em mulher fatal ), NOS MEUS LÁBIOS oscila entre o thriller social e o melodrama. A parte social é a mais bem conseguida. Nunca se sentiu tão bem a animalidade fria que domina o sector terciário. (...) Paul (Vincent Cassel, prodigioso numa violência contida) é a outra extremidade do filme: ladrão acabado de sair da prisão, será ele a dar a Carla os meios para regressar à realidade. A audição deficiente de Carla, magistralmente mostrada pelo rigor da filmagem, instaura uma atmosfera muito sensível, muito suave. (...) NOS MEUS LÁBIOS parece um tango seco, cheio de sensualidade autista que abre por momentos numa espécie de expressionismo. (...) NOS MEUS LÁBIOS é sem dúvida o melhor filme de Jacques Audiard até agora.
V.M. , Cahiers du Cinéma, Outubro de 2001
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