Once again: Haynes é um grande artista com obras fabulosas, originais, carregadas. Velvet Goldmine é com certeza uma obra-prima dos anos 90, enfrente.
A coisa, ou seja, o esquema, até está bem pensado como desmistificador de uma lenda americana – fragmentar, estilhaçar, desmultiplicar, para recusar chegar a uma verdade una, mas sim a uma ideia de verdade de um homem.
É uma máquina que Haynes “inventou” – melhor, aplicou ao projecto, pois Sollonz já fez esta coisa – e que seria passível de esgalhar uma grande peça de cinema.
O problema é que o cineasta não vai ao fundo, á carne e ao sangue, ás pulsões e abismos – é tudo lisura e no final ficamos com um quadro pueril de personalidade ou de estudo de um homem.
É aqui que a máquina falha, no tal carregamento, melodramático no caso das suas grandes obras anteriores, sobre a estrutura – só vemos um esquema dispersivo, um desfile de ideias sobre um homem, personagens de papel a invocar um vazio.
É este o problema, e menos a tal cinéfilia +aplicada que tanto se têm falado. Carpenter a cada filme enche-o de referências a Hawks, por exemplo, e a cena parece sempre virgem.
É pena, pois Blanchet arrebenta com tudo e a puta fotografia de Ed Lachman merecia a tal profundidade e obsessão que Haynes no habituou.
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