quarta-feira, 30 de abril de 2008

Filmes-espertos…

É verdade, em 1972 já os havia. O conceito é mais ao menos meu e pensava que era uma praga dos anos ano noventa, inspirada pela lógica dos jogos de vídeo, por certos programas de televisão, jogos de chá das cinco, etc…
Para resumir: os filmes de Spike Jonze com argumentos de Kaufman; O Sexto Sentido de Shyamalan e aquele seu final divino; coisas de Grondy, de Noé; O Jogo de Fincher (o titulo é o mote, seu programa e resumo global), etc…
Ou seja: filmes que eu escreveria se estivesse pedrado, não é difícil ter-se a ideia estúpida de por pessoas a entrar na cabeça de alguém, literalmente (mesmo apesar de ter demorado 100 anos). Para que servem estas coisas? Ou para se ver drogado ou então para, rigorosamente, nada. Não diverte, ainda por cima, e as formas já eu as conhecia dos clipes de publicidade e de música que esses senhores faziam antes de se terem tornado cineastas.
Em 1972? Sim, Sleuth de Mankiewicz, é um proto cinema espertinho muito antes do seu tempo. Na década da paranóia e da desilusão do sonho americano, o cineasta decidiu adaptar a peça de Anthony Shaffer (adaptada por este mesmo senhor) a cinema.
O resultado tem toda a lógica que enunciei: jogo de máscaras, de espelhos, o escritor que pretende comprovar a eficácia dos seus escritos, o oponente que se torna surpreendente mais esperto que o velho mestre, o tempo a apertar, o salto de plataforma em plataforma, etc…etc…
Serve para alguma coisa? Não; Diverte? A mim custou-me bem mais do que a versão longa dos Senhores do Anéis. E o trabalho formal? A câmara é elegante e a montagem é bem funcional, mas tudo já estava viciado à partida e nem mesmo isto, e os brilhantes actores, há que referir, servem para dizer que este filme é um dos pronuncios da catástrofe que assola o novo (o dos jovens…) cinema americano.
Ainda por cima existe uma versão de Kenneth Branagh…livra.

1 comentário:

Unknown disse...

Não concordo contigo. O objectivo de Mankiewicz não é mostrar o truque em si, a reviravolta. Ele faz parte do jogo, todo o filme é sobre jogos, sendo que o maior de todo eles é a luta de classes, claro.
Não o encaixo de maneira nenhuma no universo de Spike Jonze (de quem gosto).