...merda
E para finalizar, sim porque isto é uma trilogia, vou finalizar de granada, vou falar sobre os alunos das escolas de cinema. Sim, porque á maior parte deles não lhes perdoo, e esses alunos e o professor de argumento ou de montagem são uma e a mesma coisa. Todos concorrem para o fim, de uma qualquer cinéfilia, de uma paixão pelo cinema, de liberdade, de destruição, de respeito por uma história e um mundo, etc.
A maior parte deles estão ali por dois motivos, acima de tudo por estes dois motivos: ou porque não conseguiram entrar noutro curso oposto, em letras ou em mecânica; ou porque acham cool estudar cinema, para impressionar raparigas, pois estão com a cabeça cheia das fabulosas e rápidas (ironia no máximo) publicidades que vêem na televisão, no intervalo das suas telenovelas. Andam com o Fight Club, o Seven, um Lynch, no máximo, na mão, com uma prémiere debaixo do braço, para dizer que lêem cinema, e é o máximo de cinéfilia a que esta gente pode chegar – muitos deles nem isto.
O comportamento destes alunos é um dos dois: ou só se interessam por fazer as cadeiras rapidamente e sem deixar qualquer marca distinta; no caso a única pergunta que fazem é esta: “professor, quando é para entregar o filme, ou o trabalho, quando são as frequências?”; ou então os hipnotizados pelos anúncios supersónicos de qualquer empresa de telemóveis, fascinados por um qualquer “abaixo de matrix”, e passam a vida a querer saber como reproduzir esses efeitos que tanto os impressionou, as câmaras lentas do Scottt, a musica os limites de um Bay; zero de história de cinema; ficam amuados se passa um mudo de Griffith, de De Mille ou de Ozu; riem-se quando ouvem um dos poucos alunos que ainda se interessam – porque os há, eu tenho dois ou quatro amigos que não os esquecerei e que querem saber das coisa tanto quanto eu – dizer que vão ao cinema ver um filme do Senhor Oliveira, enfim, um qualquer filme francês ou iraniano; Chutam para canto qualquer espécie de teoria de cinema, ao Deleuze preferem o manual do programa de efeitos especiais dos computadores; e não conhecem um, UM, nome fundamental do cinema; o máximo a que aspiram é a um Kubrick – isto porque é violento, está na moda…
Nas cadeiras teóricas desprezam um qualquer Nietzche, preferem aprender as bases da montagem no computador artilhado com as ultimas tecnologias e programas do professor aos princípios de Eisenstein, Vertov ou Glauber; No som preferem ouvir qualquer musica medonha, em vez de tentarem perceber como Bresson, no mínimo poderia referir Van Sant, trabalharam e revolucionaram essa banda, que nunca perceberam – é tão fundamental como a imagem, etc. Mas aqui a culpa é partilhada de igual modo com os professores – uma e a mesma coisa – porque eles são piores, fascinam-se tanto como eles com os intervalos televisivos, e como diz Pedro Costa, para eles a arte é ver Estrada Perdida ou Mulohand Drive, e isso é a arte pura, o cinema…
Passam a vida a dar, literalmente e sem exagero qualquer, graxa aos professores, a dizerem o que estes querem ouvir, a fazer os seus filmes como eles querem, a apontar num bloco de notas a maneira como os professores querem que o filme deles seja modificado, a repetirem o que diz o professor, para assim parecerem inteligentes, no fundo, para dizer, que estão atentos, que se interessam.
Mas repito: a paixão é nula e estão em cinema como poderiam estar no mais oposto dos cursos; ainda me lembro de me perguntarem quem era o Fellini, como se escrevia Kubrick; ou como diz o maior dos professores: os que confundem Besson com Bresson;
Só há uma coisa que lhes interessa e outra que os põe em chama: as datas de entrega dos trabalhos, e os períodos de exames, respectivamente. Aí sim, têm o maior interesse, pois o objectivo é ter o tão propalado canudo.
Aos 2/3 que se interessam, que andam coma Cahiers du Cinema debaixo do Braço, que citam Godard a toda a hora, que querem saber as lições de Bazin, etc…esses são ignorados, desprezados, tratados como lixo, como horse shit (como diria Ford), e dizem-lhe: esquece o Godard e lê o livro de guerrilha do Soderbergh; vê o Traffic, que está genialmente montado e têm todos os filtros pós modernos que podem existir. Diziam-me que o Godard era um Burguês armado em radical. E mais nada, é a aridez completa.
Volto ao argumento que é o cúmulo do ridículo. Ensinam-te Syd Field, basicamente mais nada, e se queres fazer um filme tens que ter três coisas que eles te perguntam: os três actos, o ponto médio, o mau e o bom; mas disso eu nunca quis saber, para mim não faz sentido as plots e os actos, o que eu quero é fazer como Glauber: sair para a rua com ideias e uma câmara na mão.
Eles diziam que isso não era nada, que era facilitismo, que qualquer bronco poderia fazer isso, que eles é que sabiam porque eram os professores. Mas depois eu falava em Kiarostami, na nouvelle vague, em Costa, e eles ou não conheciam, ou diziam que isso não era nada;
Depois, numa escola em que as propinas são tão caras que ainda hoje estou de rastos, o material era o menos possível, básico, estragado, um lixo….
Não é que a mim me interessasse, eu só queria uma câmara, mas acho lamentável que uma escola que não tenha material de cinema ensine cinema; em comparação é como se uma faculdade de pintura não tivesse as tintas.
Primeiro dia de aulas, diziam-te: nunca irás ser realizador, não há mercado, nem nós que somo professores os somos…vão começar por apanhar cabos, numa televisão, vão para um estádio de Futebol, no máximo, filmar rostos.
E sim existiram aulas de som em que te ensinavam a enrolar cabos, eu só fiz uma coisa: mandei o professor enrola-los, simplesmente porque não me interessava, queria era ir embora ver um Ford ou ler a Cahiers que tinha saído, ou comprar algo raro para ler.
E sair disto, impossível!
Os professores: a maior parte deles académicos, no mais verdadeiro sentido do termo, com o mais académico dos programas e a quererem despachar os alunos – nada de chama pelo cinema, nada de amor, incomodados por saberem que existem alunos que têm paixão desmedida.
Ou citando Pedro Costa, para eles uma anátema: “É perguntar aos professores da Escola de Cinema… que desviam os olhos quando reconhecem os jovens apaixonados que eles um dia foram. E aos broncos das televisões públicas e privadas. Aos ministros e aos políticos que promovem os negócios dos poderosos e matam à nascença os pequenos produtores e os primeiros filmes. Restam os casos: um rapaz, uma rapariga. Conheço alguns. Ficarão sozinhos e perdidos. Não farão as publicidades. Vão viver com pouco dinheiro. São uns selvagens. Não vão ter estabilidade profissional, nem mais saídas, nem encomendas nenhumas. Não vão acreditar que “o cinema é uma linguagem e tem a sua gramática”. Tem os seus riscos e é um trabalho feito passo a passo. Eu tenho fé. A juventude tem sede de sangue.”
Isto resume tudo.
Insisto: o desprezo absoluto por os 2/3 alunos que queriam fazer algo diferente, um bocadinho mais original, sem gajas boas, sem suicídios, coisas úteis, experiências, etc…éramos os inimigos a abater pelos professores – escapam ½, sempre o referi.
Foi o maior dos erros a escola de cinema, pois Cinema aprende-se a ver Cinema, a ler cinema. As escolas estão lá para te chupar dinheiro e para te fazer mal á cabeça.
E repito: alguém vai ter que o pagar, não vão sair imunes esses tipos que acabam os cursos e no ano seguinte já dão aulas; ou os que estão agarrados ao lugar, de lá não saem, são frustrados e cheios de dor de cotovelo quando vêem o aluno que mais desprezam fizeram algo diferente, pela sucapa, que puseram algo num festival, que estão a citar algo que ele não desconhecem.
Repito: são o piorio.
12 comentários:
O mundo do cinema é um mundo pequenino e invejoso. Se queres fazer parte dele tens que aprender a viver com o pior dele.
não costumo responder a anonimos, ou a quem não tem tomates...
Zé, li o teu artigo na diagonal e hei-de lhe voltar mais tarde com mais atenção. Mas de qualquer modo, onde está a novidade? Sabes qual foi a primeira coisa que fiz quando acabei o meu curso? Comprei o "What they don't Teach you at Film School" (Camille Landau & Tiare White - Hyperion, 2000). Um livrinho de banalidades que me fez perceber que continuava quase tão analfabeto como quando entrei para Cinema (ok, acho que aprendi muita técnica mas...). E se digo 'analfabeto', é a verdade, não sabia nada quando entrei, apenas queria fazer coisas com imagens em movimento. Aliás, queria muito fazer coisas com imagens em movimento. O resto, quero lá saber. Ninguém nasce ensinado. Ninguém.
Já em relação aos comentários que fazes acerca dos teus colegas, esses acho-os altamente injustos. E francamente, foi uma das coisas que me chocou acerca de alguns de vocês quando vos dei aulas e me levou a querer testar as vossas certezas... Sendo prof, é evidente que há alunos melhores que outros, alunos que querem fazer Cinema e outros que querem simplesmente estar num sítio onde não vão trabalhar enquanto bebem e se metem em drogas... é a vida, há quem pague para aprender, há quem pague para estar num ATL.
Mas ninguém tem o direito de olhar de lado para quem entra na escola com o David Fincher como referência. Snoberia do pior! Citando o Douglas Coupland (um escritor talvez demasiado pop para ti mas eu gosto, prontos), se perguntares a um miúdo de hoje qual o seu músico preferido e ele te responder 'Vivaldi', acreditas? Bem, eu ainda acredito num, mas não acredito em 20% de uma turma...
De qualquer modo, julgo que esta conversa terá mais interesse daqui a um ano ou dois, quando a Realidade te bater. Espero que tu (e os teus colegas 'daquele grupo') aprendam a fazer os seus próprios filmes, compreendendo que os JLGs e os Tarkovskys deste modo são nada mais que colegas nesta actividade de fazer imagens, pessoas reais. Não há santos, nem nenhum artista que seja artista sem uma boa dose de insegurança... até esses.
Eduardo:
compreendo o teu discurso e concordo plenamente.
Quanto á questão dos alunos, eu sei que exagero, mas muitas vezes esse exagero vêm carregado de ironia.
Como já escrevi: "Gosto tanto do Cinema como da Vida", é por isso que não entendo esses alunos que vão para as escolas de cinema.
Nada têm a ver com Fincher, considero-o o maior realizador alguma vez saido da publicidade, e o Zodiac como a grande obra-prima do ano transacto.
A citação do Copland é mais do que verdadeira, a mim é que não me cabe na cabeça, emfim, um tipo é teimoso...
Quanto a qualquer comentário ofensivo - e fiz-lo - foi comletamente impulsivo, e peço desculpa - tu sabes o que falo e esses comments não estão nestes textos,
diferenças aparte, passa quando quiseres!
José Oliveira
Acho que cada vez mais existe uma desculpabilização de tudo. Ainda este ano um professor nos disse, eu bem sei que esta escola não prima pela exigencia por isso façam me uma planificaçao da 3a classe. Este genero de coisas, este fechar os olhos ao que se passa, é tão ou mais comum que ja achamos normal pessoas que estao no curso de cinema nao saberem que a escadaria faz parte da filmografia de Eisenstein e nao de Griffith. FIcamos contentes no nosso interior por ja saberem os nomes destes dois. Ou por exemplo nunca terem ouvido falar de John Cassavettes. Ou nem sequer da Beat Generation que é uma coisa muito mais vasta. O problema é que nao falam do obvio nem do nao obvio, acham que o importante é falar com o Luis Diogo, grande argumentista, ou fazer uma regi.
Vamos todos nos auto congratular por sermos os melhores, os daquele grupo, mas eu sei a realidade. Nao me vejo acima de ninguem e nem acho que nasci ensinada. Senao nao tinha ido para a ESAP.
So esperava de um curso de um so called ensino superior uma exigencia maior que a que tive no 9 ano.
Ana, compreendo a tua frustração e não discordo. Mas acho que é algo «que vem com o território», e embora entenda como é dramático quando estamos aí (o meu 4º ano foi há apenas 3 anos), agora não me parece tanto.
A questão é: falamos de um curso de artes não-especializado. Como acertamos o grau de exigência aqui? Como vos disse na altura, tenho que compreender que há quem queira fazer cinema sem querer fazer montagem/som/fotografia/produção, etc. Isto obriga-me a baixar o critério até uma base de competência técnica mínima. Isto é evidentemente problemático, porque dá uma sensação de injustiça a quem é muito bom na área que estou a avaliar, e porque permite que alunos que julgam o ensino superior um ATL vão passando até que eventualmente têm uma licenciatura que lhes certifica competências que na realidade não têm.
O problema é que ter outro tipo de critério também é injusto para outros, e no final é como a história do cobertor... A única maneira que eu vejo de resolver isto é através de um sistema de avaliação interdisciplinar que o protocolo de Bolonha ainda mais inviabilizou (ao acabar com os júris nas cadeiras práticas), ou em alternativa, de critérios apertados nas cadeiras teóricas (as que ensinam Coisas Que Todos Têm Que Saber, como a distinguir o Eisenstein do Griffith, etc) e nas cadeiras ditas 'nucleares' cujos profs têm uma visão de conjunto que eu dificilmente consigo ter numa especializada.
Claro que eu próprio tenho alguns problemas com alguma pequenez que é por vezes revelada. Não entendo o culto a esses 'local heroes' (há tanta gente interessante a trabalhar no cinema português - até maquinistas e electricistas com histórias - que aceitaria falar numa escola de bom grado, porque ficarmo-nos sempre pelas mesmas pessoas?...). Acho os Aurélios artificiais, tal como essa invenção de uma 'Escola do Porto' tão dissociada da cidade real que dói. Não seria bom antes investir em impedir a fuga de cérebros para Lisboa e outras paragens (por exemplo, a nível do apoio prestado a ex-alunos - a Católica faz um óptimo trabalho a esse nível), e deixar que a 'escola do Porto' simplesmente acontecesse?
Todavia, há algo que faz a diferença na ESAP e que faz a escola valer a pena: há liberdade de criação. Não há a figura sinistra do Concurso Interno que é de rigor na maioria das escolas de cinema a nivel internacional. Na ESAP quem quer fazer filmes, fá-los. E só isto - a existência de equipamento e de colegas (muito, muito importante o segundo ponto) - vale a pena o dinheiro. O ensino é muitíssimo importante, mas eu tento-o ver como Orientação. O ónus do trabalho cabe-vos a vocês, e vejo o trabalho de prof nesse contexto muito mais como quem vos abre portas de investigação e dá dicas do que como um 'alimentador de matéria'. Não estamos no 9º ano, dizes bem.
Quanto às injustiças na avaliação, etc, não as leves muito a peito. Findo o curso a Realidade é a melhor avaliadora. Uma bela manhã vais à Smiling escolher equipamento e de repente vês o curso todo em perspectiva. Aproveita para te divertires e mostrar o que queres mostrar nos meses que vos restam.
agora é convosco "goodfellas" eu já fiz a minha catarse e graças a Deus já nada tenho a ver com escolas...eheh, pau neles!
P.S: apenas recomendo "Out for Justice", 1991, John Flynn, com o grandioso Stevan Seagal...aproveitem as minhas recomendações que eu não faço isto muitas vezes...
P.S2: já agora o estrondoso "Attack Force" de um realizador desconhecido para mim: Michael Keusch;com o mesmo Stevan Seagal; em 3 versões: uma com alianegenas; outra com máfia russa; a outra desconheço.
Mas faço daqui um apelo á cinemateca para a aquisição imediata das 3 cópias.
Cordialmente,
José Oliveira
Eduardo;
Sinceramente mantenho-me afastado destas discussões se vale ou não a pena o esforço que tenho empreendido naquela escola e nalgumas pessoas.
A verdade é que o teu comentário é desajustado à realidade (turma) em que estou inserido.
Passo a explicar, este mesmo ano um projecto dito colectivo, foi elaborado, por escolha (mais ou menos rigorosa isso nao interessa) de um professor, não vai ser concluído... o porquê?
Porque o líder do projecto é sinceramente uma pessoa que chegou ao 4ºano sem as noções mínimas de liderar uma equipa, sem noções do que é fazer uma curta-metragem com uma equipa (ditos colegas, sim são muitos importantes) e no final da rodagem, restava realizador, dir. fotografia e op. de câmara, por opção do mesmo. Sendo trabalho de grupo, o filme não é terminado, logo todos somos afectados.
Como não me posso sentir frustrado, por sempre cumprir objectivos e me ver integrado num projecto de 4º ano com menos organização que o meu 1º filmezinho.
Regredir não por favor. E claro, questiono como pessoas assim chegam a um 4º ano assim, eu e outros temos que tar no mesmo patamar, tivemos a mesma formação, um pode saber mais de som, outro de fotografia, outro de montagem, mas temos que ter um patamar que se complementem... agora assim parece-me injusto.
em relação ao teu comentário:
"Acho os Aurélios artificiais, tal como essa invenção de uma 'Escola do Porto' tão dissociada da cidade real que dói. Não seria bom antes investir em impedir a fuga de cérebros para Lisboa e outras paragens (por exemplo, a nível do apoio prestado a ex-alunos - a Católica faz um óptimo trabalho a esse nível), e deixar que a 'escola do Porto' simplesmente acontecesse?"
Primeiro de tudo, não acho a Católica exemplo para ninguém, pelo menos a nível de cinema. Acho que a questão central está, pelo menos é uma escola que dá apoio. Isso concordo, agora o meu meio não é assim, ou pelo menos comigo não é assim, não sei se com outros é.
E também não acho que a dita "escola do porto" esteja dissociada de uma realidade, gosto de acreditar que está à frente de uma realidade palpável. Pegar numa câmara filmar, gozar o prazer que temos nesta área, com dogmas ou sem dogmas, se tiver algo de cada um, se tiver um olhar... é mais à frente que qualquer curta germinada num seio escolar castrador.
Como tu filmas-te algo com os teus amigos, bebeste uns copos, também eu o faço e vou fazer tempo... na medida certa para mim isto é "a escola do porto"...
Eu não me acredito em apóstolos nem em Deuses, ninguém pensa por mim, mas se beberes de várias fontes ficas sempre mais saciado... mas da Católica não beberei.
cumprimentos
MANUEL PINTO BARROS
Olá Manuel,
Quando falei da Católica referia-me a coisas muito concretas relacionadas com o apoio aos ex-alunos: a existência de um departamente dedicado a isso, que envia ofertas de emprego, publicita workshops, a existência de um sistema de acesso ao equipamento da escola durante X anos, etc... Não julgo a qualidade de ensino, apenas o serviço prestado e a preocupação com os "veteranos".
Em relação ao vosso filme, francamente não sabia como estava a decorrer o vosso ano e entristece-me que o caminho que pelos vistos foi tomado tenha sido esse. Concordo contigo que num 4º ano não devia ser dada a liderança de projectos a quem não tem 'currículo' nos anos anteriores. Eu felizmente não passei pela vossa situação. Mas aí está, isso tem a ver com tal visão de conjunto que quem lecciona uma nuclear tem que ter, numa especializada é muito difícil ter uma imagem dos alunos que temos, mesmo durante um ano (em 6 meses então... nem comento): a resposta à questão "não se interessa por Montagem ou é simplesente mau aluno" é muito difícil, vocês conhecem-se muito melhor que qualquer prof consegue, mas nós temos o dever do benefício da dúvida, quase como os juízes...
Quanto ao meu comentário sobre a "Escola do Porto", concordo em absoluto que esta seja um fenómeno natural que ocorra, fruto do cinema que se faz por cá. Não a promoção de uma certa e determinada estética , de forma artificial, ao estatuto de 'Escola'. Mesmo por exemplo na Arquitectura onde o chavão "Escola do Porto" surgiu de forma natural, a castração provocada pela inércia dessa estética está hoje em dia a provocar uma enorme crise de identidade nos alunos que saem da FAUP. É por isto que não acredito nessas 'Escolas'.
Outra coisa, a respeito do 1º comentário (anónimo): O mundo do cinema é pequeno mas não é de todo invejoso. Isso é um mito de quem vê demasiados maus filmes sobre os bastidores de Hollywood. Equacione-se o inevitável trabalho em equipa com "mundo pequeno" e é fácil perceber que há certas atitudes que são o caminho mais rápido para não fazer cinema...
belo debate, sinceramente, é assim que algo proveitoso surge, algo que melhore a coisa...
continuem!
P.S: esqueçi-me de pedir á cinemateca portuguesa, em especial ao seu director, J.B.Costa, uma retrospectiva integral da 1º fase de Jean Claud Van Damme.
Bem como o saga Missing in action, ponto alto da carreira de Norries, ...em que o Joseph Zito, Lance Hool e Aaron Norris, respectivamente, tem um dominio perfeito da duração da pancadaria...da relação entre os socos, pontapés e rosto...combinado com os efeitos fx...e a banda som significante...
consideraria algo como a grande forma no cinema americano...um dos poucos depois de Ford!
Cordialmente,
José Oliveira
Pois. A situação num 4º ano, na minha optica, talvez pessimista talvez realista, é uma situação que leva a um atraso na minha evolução.
Propus-me evoluir a cada ano, e este ano tenho mãos e pés atados.
Daí que seja mais importante conhecer a linguagem dos "primórdios" do cinema, daí que não sejam só necessárias as referências pós MTV. Porque sinceramente só com esse conhecimento é que se podem remedear as noções gigantescas de produção que se vai criando por ali. Se não podemos filmar com 100 planos, existe uma solução possivelemente melhor, mais criativa, mas estimulante de o fazer com 25.
Aí a técnica em sí até pode ser posta de lado, mas resta pelo menos a coerencia do olhar.
E sim, defendo o cinema como um trabalho de uma equipa, quanto maior melhor, são mais vontades a alimentar uma só.
Cumprimentos
MANUEL PINTO BARROS
Muito bem Manuel,
E o debate continua interessantíssimo!
Apenas referir a minha duvida ao presidente da cinemateca, sobre qual a obra maior de Jean-Claude Van Damme.
O meu coração balança entre a dialéctica e a brutalidade muito 80´s de Double Impact (ai aquelas fabulosas luzes na discoteca) e a fúria em paroxismo, até ao final, belíssimo, inadjectivavel, de Kick Boxer – e a cena em que ele foge do cão, prodígio de angulação e de montagem, há-de com certeza ser estudada em escolas de cinema e inspirar uma geração de alunos.
Sabemos que ambos os directores, Mark DiSall e David Worth no 1º caso e Sheldon Lettich na 2º obra são realizadores maiores, espécie de P.T.A no que á acção em estado puro diz respeito, por isso deixo ao director o papel de decidir qual o poster e a obra a destacar.
P.S: se for preciso textos para as folhas da cinemateca, estou obviamente disponível!
Com os melhores Cumprimentos,
José Oliveira
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