…são aqueles que se conseguem distinguir dos demais humanos e elevar-se a um ponto distanciado em que vêem e analisam tudo com a lucidez e exactidão dos privilegiados, seres tão únicos como os de Unbreakable.
O que me lixa são eles a falar de arte, de história da arte ou, mais, especificamente, de cinema.
Zero de margem para dúvida, mesmo para com cineastas ou estudiosos da arte, e eles é que tem a razão.
Experimenta-se a reversibilidade, ou seja, eu, por exemplo a entrar no campo da sociologia, mesmo que seja a partir do cinema e está a louça partida – foram eles que leram McLuhan, Levi-Strauss, Bordieu, etc…
É a mesma coisa que os jornalistas de cinema, estes podem criticar o trabalho de um cineasta, mas um cineasta não pode criticar o trabalho do jornalista – como se um cineasta não possa ter lido todo o Deleuze, Daney, Mourlet, Bazin…visto a historia do cinema de ponta a ponta, etc…
A mesma coisa.
Voltando aos sociólogos, ou filósofos, que nas escolas de cinema é a mesma coisa, que dominam a matéria do cinema: depois é vê-los a mostrar o Star Wars e o Alien a propósito da forma e vida da matéria; o famoso filme do Linklater em paris por causa da comunicação; o Menino Selvagem devido á aprendizagem; ou então certos anúncios da vogue, de massas ou qualquer coisa assim por causa de signos; ou seja, só merda, coisa académica e mais do que sabida, pois bastaria referir o titulo, e ouvi-los dizer barbaridades sobre o simplismo do A.I do Spielberg. Uma vez falei de Straub a um deles e ele fez uma cara que até a mim me assustou, perguntando logo de seguida: “Quem?”
É que se querem saber mais de cinema dos que estudem ou sabem cinema têm de conhecer Straub ou Costa (que também não conhecem), mesmo Godard é difícil e preferem Lucas ou Jarman, que é a mesma coisa.
Não se enganem, o que me lixa é a prepotência – “jardinagem para os jardineiros”, ou andamos a brincar aos cowboys?
*falo dos que que conheço, da tal escolinha que frequentei...
1 comentário:
Perfeito diagnóstico.
Mas os piores permanecem aqueles a quem chamo de 'sociólogos da imagem' - os críticos que aparentemente infestam as páginas da Cahiers atual e de certas revistas brasileiras e internacionais, e que acostumados ao pior tipo de tatibitati acadêmico usam como amparo a pior diluição de estruturalismo (pop, pois apesar da ambição erudita desejam também a compreensão do leitor)/formalismo caipira (de quem não foi e não é capaz de ir muito além de Manny Farber e Nicole Brenez)/impressionismo de salão ("professora, essas foram as minhas férias encantadas com as novidades do cinema oriental" - redação de 7a. série). Paralisados diante da novidade suspensa de uma arte que é incapaz de trair sua vocação de imagem e verdade do mundo e do homem, precisam enfiar em seus textos todos os tipos de expedientes algébricos e semiológicos e assim tentar explicar a eternidade, a inspiração, o divino, as vibrações que carregam vozes e imantações, as vertigens e os arrepios, a beleza e a barbárie, a monumentalidade do corpo e os movimentos tênus da carne, em suma essa fascinação que aparentemente é capaz apenas de lhes causar repulsa, uma repulsa tão mais inexplicável porque articulada (é sobre essa negação e a partir deste nojo que escrevem seus grandes colossos aos pés de argila).
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