quinta-feira, 3 de abril de 2008

petardo II

- Nunca Paris foi assim maravilhosamente filmada, mesmo que tudo seja dentro, o fora estende-se até aos infinitos, beleza arrebatadora.

- Monumental plasticidade da mise en scene, de uma claridade e de um brilho que vale por ele mesmo e que entra em dialéctica constante com as personagens.

- O mesmo efeito circulante da Magnólia de P.T Anderson, tudo está mal e a redenção é essencial.

- À pulsão e à raiva de Anderson, a sabedoria de mestre de Resnais.

- A voz off que tudo ordenava na Magnólia é aqui dada pela neve (e nunca houve uma assim) como negativo de todas as vibrações e ocorrências.

- Cores e consição/princípio de mise en scene/serenidade que aglutinam as personagens e os espaços – ou seja, elisão da evidência do mosaico.

- Escalas que subtilmente se encarregam de revelar e demonstrar vontades, segredos, pulsões…

- Reversibilidades e ambiguidades extraordinárias de todas as evidências à priori do painel e da malaise que se funde.

- Transparências, de todos os vidros, por exemplo, como separadores ou aproximadores de toda uma voracidade interiorizada.

- Eric Gautier - melhor director de fotografia do mundo.

- Christophe Honoré conseguiu iludir-me, mas este filme mostrou-me a verdade: já não é possível, os seus Trompe d'oil são pura inocência de criancinha fascinada, há mais Demy neste filme de que em todas as cançonetas dos seus filmes.

2 comentários:

Ricardo [DIVERSITÀ] disse...

Em Portugal Couers foi chamado de Petardo?

No Brasil usaram o nome da peça que o gerou... Medos Privados em Lugares Públicos.

O que seria Petardo? Nos dicionários aqui constam como um engenho explosivo, uma bomba...um chute forte.

José Oliveira disse...

não, Coeurs foi chamado de Coração.

Petardo é poética minha...

Cumprimentos!