sexta-feira, 4 de abril de 2008


"A Divina Comédia é o filme de Oliveira mais estático e mais claustrofóbico ... mas é o filme de Oliveira mais decupado (...) por forma a criar uma permanente sensação de vertigem e a lembrar, irresistivelmente, O Passado e o Presente (1971), a obra dele em que a câmara mais se moveu".
João Bénard da Costa, Manoel de Oliveira: a magia do cinema, in Revista de Occidente, 1994
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Sim, o Oliveira mais decupado num filme todo ele dialéctico: a personagem de Luís Miguel Cintra contra a de Mário Viegas, Adão e Eva, o fora de casa e o dentro claustrofóbico.
Découpage, máximo de planos num Oliveira, que permite precisamente essa facção dos mistérios e dos encerramentos.
E no mais clássico filme do Senhor Oliveira é onde se sente a todo o momento a sobra dos mais estáticos e transcendentais filmes de Dreyer: na clausura do absoluto opaco, todo o peso, não só do teatro da vida e dos seus misticismos – sim do teatro do mundo.

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